
A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) se posiciona de forma contundente diante das recentes operações policiais no Rio de Janeiro, que transformaram comunidades inteiras em zonas de guerra e resultaram em diversas mortes e violações de direitos humanos. Em nota pública, a entidade denuncia o caráter genocida e racista do modelo de segurança pública fluminense, exige responsabilização do governador Cláudio Castro e reafirma seu compromisso com a defesa da vida, da dignidade e da democracia.
Segundo a ANTRA, o episódio mais recente revela a falência de um sistema militarizado de segurança pública que insiste em tratar as populações negras, periféricas e empobrecidas como inimigas internas. “Não há segurança pública quando o Estado se transforma em máquina de extermínio. O que se vê é uma política que sacrifica vidas em nome de uma falsa sensação de ordem”, aponta o comunicado.
Durante reunião emergencial com mais de 700 representantes de movimentos sociais, realizada nesta quinta-feira, foram definidos atos em todo o país nesta sexta (31) em repúdio à violência e em solidariedade aos moradores dos territórios afetados. A ANTRA orientou todas as suas filiadas a participarem dessas mobilizações, reforçando pautas centrais como:
- Desmilitarização da polícia, rompendo com o paradigma da repressão e da morte que estrutura o atual modelo de segurança pública.
- Impeachment do governador Cláudio Castro, diante da conivência e da promoção direta de operações letais e ilegais.
- Rechaço às operações genocidas, que interrompem serviços, colocam civis em risco e perpetuam o medo como política de Estado.
- Crítica ao modelo de segurança pública vigente, racista, classista e ineficaz, que controla corpos em vez de proteger vidas.
A entidade também destaca o acompanhamento das Comissões de Direitos Humanos e de Combate às Discriminações, que estarão no território nesta sexta-feira pela manhã para prestar atendimento às famílias das vítimas e documentar as violações cometidas. Além disso, a ANTRA declara apoio à criação de uma CPI para investigar os abusos e a condução da operação que resultou nas mortes, e reforça que denunciará o governador Cláudio Castro a entidades internacionais de direitos humanos, dada a recorrência de práticas estatais de violência e letalidade policial em seu governo.
“Essas ações não são isoladas. Fazem parte de uma política de morte que tem alvo certo: corpos negros, pobres e trans. E isso precisa ser denunciado ao mundo”, reforça a nota.
A ANTRA reafirma sua solidariedade e acolhimento aos moradores dos territórios atingidos, especialmente mulheres, idosos, crianças e pessoas LGBTQIA+, historicamente mais vulneráveis em contextos de conflito. A entidade também reforça a importância da articulação com movimentos de favelas, coletivos de base e lideranças comunitárias, reconhecendo que é desses espaços que emerge a resistência e o projeto de um país justo, antirracista e democrático.
✊🏾 “Não há democracia possível com corpos pretos, pobres e trans sob mira do Estado. A segurança pública que queremos é aquela que protege, não a que mata.” — ANTRA
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